Em 2016, a CipSoft deletou milhares de contas por uso de cheat (ou bot, numa terminologia mais usual). E apesar de todas as críticas tecidas pelos tibianos ao mecanismo automático de detecção de cheaters (expressão que faz referência a jogadores que utilizam cheat), que começou a ser utilizado pela CipSoft em 2008, ou à falta de celeridade no processamento de reports, é fato que só no início deste ano já foram deletadas 4.123 contas.
Os cheats foram desenvolvidos para executar determinadas ações dentro de um sistema. Essa categoria de software persuadiu/persuade vários jogadores não somente do Tibia, mas de vários outros games, sejam eles online ou não, uma vez que pode ser configurado para controlar parcial ou integramente as ações de um personagem, por exemplo.
No que se refere especificamente ao Tibia, quero que o leitor me permita identificar três sentidos de utilização de cheats por jogadores que desejam obter alguma vantagem dentro do jogo:
1 – Cheat como mecanismo auxiliar: O cheat é configurado para realizar algumas ações consideradas básicas como, por exemplo, recolher loot de criaturas.
2 – Cheat como autômato: O cheat é configurado para realizar todas as ações de um personagem, de maneira que o monitoramento ou intervenção humana tornam-se praticamente prescindíveis.
3 – Cheat como ferramenta a serviço do lucro: O cheat é utilizado como força motriz de um pujante mercado negro de gold coins e de itens comercializados de variadas maneiras, inclusive em diversos sites espalhados pela internet. Sem dúvidas, esse terceiro sentido merece ser e será melhor discutido em um próximo artigo.
Antes de prosseguirmos, devem ser observados ainda dois graves problemas que envolvem a utilização de cheats no Tibia:
1 – Os jogadores que desejam se divertir são prejudicados com a presença de personagens-robô nos locais de caça.
2 – A maioria dos cheaters não se atentam tanto para a questão da segurança e da privacidade de suas informações.
No que tange à discussão sobre os massivos ataques DDoS constantemente empreendidos contra os servidores do Tibia, convido você, tibiano, a refletir sobre o segundo problema por mim apontado.
A maioria – senão todos – os cheats desenvolvidos para o Tibia e que estão disponíveis para download na internet, estão infectados por alguma ameaça virtual (leia-se vírus). Em geral, os antivírus costumam detectar nesses softwares a presença de arquivos ou de outras aplicações maliciosas que realizam captura de dados e informações dos usuários, como trojans e key loggers.
Sem que os usuários consigam perceber, esses softwares também podem estar infectados com ameaças que, uma vez em execução, são capazes de realizar determinadas modificações nos sistemas dos computadores, de modo a transformá-los em parte integrante de uma densa e estruturada rede conhecida como botnet.
Grosso modo, rede botnet refere-se a um conjunto de computadores infectados por malware (programa malicioso) e que estão sob controle de uma parte atacante. Os computadores controlados são geralmente classificados como zombies. É dessa forma que se estruturam as redes responsáveis pelos ataques DDoS aos servidores do Tibia, infectando com malware dezenas de milhares de computadores pelo mundo e transformando-os em zombies. Isso significa que, mesmo sem saber, os cheaters podem estar contribuindo para o sucesso desses ataques.
Portanto, ao tibiano que deseja melhores condições de estabilidade nos servidores, não basta apenas vociferar e dizer que a CipSoft não se preocupa com a atual situação. Para contribuir com o êxito do trabalho da CipSoft no combate aos ataques DDoS, cabe-nos a todos estabelecer diálogo entre discurso e prática e nos posicionarmos verdadeiramente contra a utilização de ferramentas ilícitas.