Estamos há poucas semanas do início do período de implementação do BattlEye que, como todos sabem, é uma poderosa ferramenta de combate a softwares não autorizados. O Contrato de Licença de Usuário Final da BattlEye já está disponível no website oficial do Tibia. Recomendo a todos os meus leitores que analisem atentamente cada um dos itens que compõem o referido documento.
Desde que a chegada do BattlEye foi anunciada pela CipSoft, tenho acompanhado vigilantemente como esta importante temática tem sido repercutida nos principais veículos de “formação” de opinião da comunidade tibiana aqui no Brasil. Neste artigo, pretendo refletir e desconstruir alguns discursos enunciados a esmo, em diferentes espaços, por determinados emissores que se travestem de inimigos dos bots, mas que promovem, na realidade, uma defesa velada em favor da utilização de cheats.
Iniciei a referida discussão em conjunto com o admin Super Amarelo e com nosso querido moderador e youtuber, King Rousey, no BDTCast #12, lançado no domingo passado. Sem ter a intenção de me estender em demasia, quero convidar o leitor a me acompanhar numa incursão reflexiva e discursiva, de modo a desnudar todas as contradições inerentes a determinados discursos supostamente contrários à utilização de softwares ilegais, com vista à desconstrução das principais inverdades difundidas sistematicamente pelos seus enunciadores.
1. Economia tibiana
Muitos dos supostos defensores do BattlEye têm afirmado que uma redução substancial do quantitativo de personagens-robô ativos poderá provocar uma acentuada desestabilização econômica, resultando em escassez de determinados itens no mercado tibiano (leia-se market) e que, por consequência disso, a inflação dos preços será intensificada. Não consideramos negar uma provável instabilidade econômica inicial decorrente da eliminação ou da redução do número de cheaters. Pelo contrário, queremos dizer da sua importância para a recuperação de um dos principais fundamentos do roly-playing game: a coleta de itens.
Mas para não corrermos o risco de sermos um tanto superficiais, faz-se necessário discutirmos o próprio conceito de estabilidade/instabilidade econômica dentro do Tibia, uma vez que o conceito mesmo está aberto a múltiplas possibilidades de significações e de interpretações. Eu mesmo tenho defendido que o que se entende por estabilidade econômica no Tibia é, na verdade, o que chamarei de monopólio monetário estrutural capitaneado pelas principais guilds dominantes de servidores os mais diversos e cuja principal força motriz é a utilização desmedida de softwares não autorizados. Por sua vez, querem nos fazer acreditar que a instabilidade econômica se configura na medida em que ocorre uma desestabilização dessa estrutura de monopólio, o que poderia eventualmente resultar num aumento contínuo e implacável da inflação.
In-game, isso se traduz da seguinte forma: uma pequena parcela de jogadores que integram as guilds dominantes detém um enorme percentual do montante total de dinheiro em circulação e de tibia coins, utilizados em larga medida para abastecer o mercado negro de gold. O que nós queremos afirmar é que o declínio dessa estrutura de poder e de monopólio sobre a qual se assentam as principais organizações de dominação, pode resultar numa redistribuição, talvez mais uniforme, dos recursos em circulação (gold coins e tibia coins), à medida em que os jogadores forem modificando gradativamente sua atuação dentro de um cenário completamente recontextualizado, sem personagens-robô a serviço das guilds dominantes. Em outros termos, o fluxo de mercado e a economia mesma terão de se adaptar às especificidades da nova realidade.
2. Jogadores ativos
Os supostos inimigos dos cheaters também afirmam que com a implementação da ferramenta anti-cheating, o quantitativo de jogadores atualmente ativos no Tibia será substancialmente reduzido. Essa indicação, além de irresponsável, pelo seu caráter conjectural, é imensamente falaciosa. Convido o leitor a resolver comigo uma simples equação, na qual teremos x representado número de jogadores ativos, y representando o percentual de personagens-robô ativos e t representando o quantitativo total de personagens existentes (x + y = t).
Portanto, se invertermos a operação, a saber, x – y = t, decorre que a única solução possível para esta equação é a seguinte: a implementação do BattlEye não pode resultar em redução do quantitativo de jogadores ativos. Com efeito, haverá tão somente uma redução do número de personagens existentes e de personagens-robô ativos.
3. Indispensabilidade dos softwares ilegais
Para engrossar a lista de absurdos propagados, alguns dos supostos inimigos dos cheaters chegam a ressaltar a impossibilidade de se aventurar em determinados locais de caça sem se utilizar de ferramentas ilícitas. De acordo com eles, não é possível garantir as incríveis taxas de obtenção de experiência por hora, além de um extraordinário rendimento em gold coins, sem mecanismos presentes nos cheats, como o auto heal e auto loot, por exemplo. No último BDTCast, nosso moderador e youtuber, King Rousey, destacou que este tipo de discurso só pode ser enunciado por legítimos apoiadores/usuários de aplicações não autorizadas, e jamais por quem defende o declínio dos cheaters.
Sabemos que a possibilidade de eliminação de formas ilícitas de jogo não ecoa de forma tão agradável aos ouvidos daqueles que integram organizações que, no decurso do tempo, transformaram atividades paralelas em fonte de renda. Por isso mesmo, esses agentes “formadores” de opinião tentam minar até mesmo os acertos da CipSoft, com o objetivo único de formar uma legião de seguidores “cansados da incompetência da empresa alemã”, mas que pagam até mesmo por pacotes de skills nos chamados open tíbia servers. Não sejamos massa de manobra!
2 respostas
Essa foi a única opinião coerente que eu li sobre a implementação do BattlEye. Parabéns pela matéria Kankuro.
Olá, Kusanagi!
Eu e toda a Equipe BomDiaTibia.com agradecemos imensamente por ter compartilhado conosco este precioso feedback.
Forte abraço!